sábado, 28 de maio de 2011

A história de Manny Malhotra (este não é personagem de ficção)

Era uma vez um jogador de hóquei chamado Emmanuel Noveen Malhotra, Manny para a maioria das pessoas (que, no hóquei, Manny é mais másculo que Emmanuel). Contratado para a equipa de Vancouver (que eu sigo com afincada paixão) este ano, passou uma época regular mais ou menos normal, que é como quem diz, a marcar o seu golito de vez em quando, a defender bem (a razão da sua contratação), e a apanhar pancada, que os jogadores de hóquei são homens com pouca coragem para demonstrar a sua homossexualidade e a sua satisfação por S&M, e decidem meter-se num rinque de gelo e agarrem-se uns aos outros durante 2h30, mais minuto, menos minuto.

Bom, seguindo com o ponto que interessa, a 16 de Março deste ano, o Emmanuel levou com um disco no olho esquerdo, como podem ver aqui:



No dia seguinte, foi operado pela primeira vez ao olho afectado, e a 21 de Março, a equipa anunciou que ele estaria indisponível para jogar, estando em risco a sua carreira, bem como a visão do olho esquerdo. Oito dias depois, à conta de uma informação prestada por Steve Nash (base dos Phoenix Suns, cuja irmã é mulher do Manny), teve segunda operação, acrescentado a imprensa (que pouco ou nada sabia) que "seria a última tentativa para recuperar a visão".

As reacções de vários quadrantes foram avassaladoras. Desde a obrigatoriedade de usar visor no capacete (que eu até concordo, mas não resolve nada, como podem ver no segundo vídeo, jogo de ontem), até à ausência de contacto num desporto... de contacto, escreveu-se e disse-se de tudo.



Os dias foram passando, e o espanto apoderou-se de todos os que seguiam hóquei quando o mesmo sujeito a quem condenaram a carreira e a visão vai jogar no dia 1 de Junho, no primeiro jogo da Stanley Cup (final do campeonato de hóquei no gelo). Então para quê esta historieta toda? Três pontos:

1) Até porque estamos em tempo de eleições, aos leitores e editores deste blog pede-se que tenham o espírito crítico muito apurado quando ouvirem a nossa imprensa, que ainda é pior que a norte-americana. Sobretudo, ao contrário dos tipos do lado de lá do Atlântico, os nossos MENTEM, DETURPAM, e ENGANAM propositadamente, ao serviço de interesses obscuros. (Não são só eles, infelizmente até conheci gente assim recentemente)

2) É salutar contar a história de alguém que deu a volta a um conjunto de adversidades e sempre acreditou que ia voltar ao hóquei (na ÚNICA entrevista que deu, as suas palavras resumiram-se a isso).

3) Devemos dar valor a quem nos ajuda nos momentos difíceis, e não os esquecer quando estamos bem. Nesse aspecto, o enorme coro de elogios à equipa, à sua organização, e aos médicos, enfermeiros e demais pessoal que esteve com o jogador mostram que, ao contrário deste Portugal mesquinho que por vezes nos deparamos, lá se tem uma abordagem completamente diferente (para melhor) das coisas. Não é só por vídeos das coisas boas de Portugal, há que fazer nós próprios coisas boas.

Uma palavra final para a sorte que nós temos, por vivermos nesta era, em ver um poema futebolístico chamado Futbol Club Barcelona. Mais do que merecido, mostra que há um jogador que está a chegar a um patamar que o consagrará como o melhor de sempre.

Beijinhos e abraços.

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