quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O templo

Lisboa, 25 de Novembro de 1984


Nunca fui rapaz de sair muito á noite, sempre gostei mais da calmaria da vida diurna, dos passeios á beira mar com a namorada, dos tempos "mortos" passados com amigos, que na realidade de mortos não tinham nada e, especialmente, dos tempos passados num sítio a que chamei "o templo", um daqueles lugares secretos que usamos quando queremos ficar sozinhos num sítio que não seja o nosso próprio quarto. Querem saber onde é? Humm, não vou dizer, mas, é um local onde o verde predomina e a natureza se une com os blocos de betão que vão sendo edificados pela cidade. Reparem, não é díficil adivinhar onde é, em Lisboa não abundam espaços destes.

No dia 23 a minha namorada decidiu que a nossa relação tinha que acabar, segundo ela as coisas tinham chegado a um ponto insustentável, a uma rotina sofucante, e nada do que eu poderia dizer lhe ia fazer mudar a opinião. O mais engraçado é que ela na altura de acabar, veio com a conversa do "não és tu, sou eu"... espera lá um pouco
minha menina, eu inventei essa frase, nínguém me vem dizer que "não és tu, sou eu", se alguma coisa falhou, podes ter a certeza que fui eu!!!

E pronto, 2 anos de namoro que tinham chegado ao fim, no fundo eu sabia que mais tarde ou mais cedo ia acontecer, mas claro que não pude deixar de ficar triste.


Continua na 2ª parte...em breve.

7 comentários:

André disse...

Foi antes, durante ou depois disso que comeste a outra gaja casada, no banco de trás do carro?

Sun Iou Miou disse...

Não há por aqui um certo ar de trovoada?

kanjas disse...

ar de trovoada?

Teté disse...

Se a trovoada foi em 1984, já deve ter passado...

Mas gostei do texto! Essas frases bacocas do "não és tu, sou eu!" ou do "podemos ser amigos" chateiam mais do que se dizer claramente, "olha ando a deitar o olho ao vizinho do lado" ou algo assim mais... sincero! Dói, é certo, mas passa mais rápido!

Quanto aos espaços verdes em Lisboa, são 35 sem contar com o Jardim Zoológico. E não estou a falar de pracetas ajardinadas...

Mas vá, ficamos a aguardar o 2º capítulo!

Jinhos!

Ana disse...

Mil novecentos e oitenta e quatro?? Isso supõe alguma referencia velada ao George Orwell? Ou era namorada aos seis anos? Ou és mais cota e enganaste-nos hem?????? :-)

Esse segundo capitulo, já devia estar aqui...!!!

Pois, finais de relações...ou manutenção de relações...
É tudo muito bonito no jogo da sedução e do primeiro beijo. É tudo muito bonito enquanto a tempestade de hormonas não passa. Até que um dia passa e descobre-se que existem duas pessoas distintas a tentar conciliar-se! E é um pânico, só superado pelo facto de, para além de hormonas, existir amizade, companheirismo, confiança, cedencia, carinho, respeito e uma série de outros adjectivos que, no seu todo, constituem talvez aquilo a que os poetas chamam de Amor.
Muita luta, muito esforço, só superados se existir esse Amor. E, pelo meio, os chamados momentos de paixão, pois isso do apeixonados para sempre é pura treta e bioquimicamente impossivel (o corpo não suporta a tempestade de hormonas mais do que um ano, altura em que tende a terminar, sob pena de morte!). O resto, é outra conversa.
Por acaso tenho algum orgulho de já ir nos sete anos...confesso que o ultimo ano tem sido muito tremido, com ameaças de desmancho, mais em virtude das vicissitudes da vida do que da falta de sentimentos.
Amor e uma cabana não chegam. É preciso muita luta. Mas, ganha cada batalha diaria, é uma delicia. =)

Ana disse...

Ah, não são adjectivos :-p são substantivos...

kanjas disse...

Gostei da tua "explicação" para o amor vanadis :)

Concordo com cada palavra.